Em entrevista exclusiva ao Diário Tocantinense, Pedro Gonçalves, da Scott Consultoria, analisa o comportamento do mercado e projeta leve melhora para junho
O mercado da bovinocultura de corte no Tocantins mostra sinais de estabilidade após semanas de movimentações mais intensas nos preços da arroba. A análise é de Pedro Gonçalves, engenheiro agrônomo e analista de mercado da Scott Consultoria, em entrevista exclusiva ao Diário Tocantinense. Segundo ele, o atual comportamento do setor sugere que os preços chegaram a um “ponto de piso” — patamar mínimo de negociação — refletindo um equilíbrio entre oferta e demanda no Estado.
“Assim como em outros estados, o Tocantins parece ter encontrado esse como entre a disponibilidade de animais para abate e a capacidade de absorção da indústria. Os preços da arroba do boi gordo trabalharam de forma praticamente estável ao longo da semana”, afirmou o analista.
De acordo com Gonçalves, a expectativa para o curto prazo é de manutenção dessa estabilidade, com possibilidade de leves altas em algumas praças pecuárias, a depender do comportamento da demanda e da pressão de oferta. Ele explica que essa tendência de equilíbrio vem sendo observada em diversos mercados regionais, e o Tocantins segue essa mesma lógica, com leve sinalização de valorização.
Exportação forte e consumo interno em recuperação
Um dos fatores que sustentam o cenário atual é o desempenho da demanda externa. As exportações de carne bovina seguem aquecidas, com embarques consistentes para países da Ásia e do Oriente Médio. Esse movimento tem dado fôlego ao setor, sobretudo em momentos em que o consumo interno enfrenta oscilações.
Entretanto, Gonçalves destaca que há sinais de retomada no mercado doméstico. “A demanda interna tem entrado em estado de recuperação, ainda mais agora com os preços da carne bovina em queda no atacado e no varejo. Isso tende a reativar o consumo, especialmente nas grandes cidades, e ajuda a desafogar os estoques das unidades frigoríficas”, explicou.
A projeção da Scott Consultoria é de que esse movimento de recuperação do consumo interno se torne mais perceptível na primeira quinzena de junho. Com isso, o mercado poderia registrar um cenário mais favorável para o pecuarista, ainda que de forma moderada e gradual.
Reflexos diretos no Tocantins
Para o Tocantins, que tem se consolidado como um dos principais polos de produção bovina do Brasil Central, a leitura do momento é positiva, ainda que com cautela. A manutenção da estabilidade dos preços da arroba ajuda a dar previsibilidade ao produtor, enquanto o aquecimento das exportações e o estímulo ao consumo interno podem gerar impactos positivos nas margens.
“A tendência é que o setor trabalhe de forma mais ajustada neste início de junho. Se a demanda interna continuar dando sinais de reação e os embarques internacionais forem mantidos, poderemos ter um cenário um pouco mais positivo para o amigo pecuarista”, avaliou Gonçalves.
O analista encerrou a entrevista agradecendo aos leitores do Diário Tocantinense e reforçou que o acompanhamento constante do mercado é essencial para decisões mais assertivas por parte dos produtores. “É um momento de observar, manter a cautela, mas também de ficar atento às oportunidades que esse novo equilíbrio pode trazer.”
Confira abaixo a entrevista:
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