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Senador que envergonha o Tocantins acumula acusações, ausências e isolamento político

Irajá Abreu (PSD) é alvo de denúncias por violência contra mulher, tem desempenho legislativo apagado e é criticado até por aliados no estado

Eleito em 2018 como uma das apostas de renovação da política tocantinense, o senador Irajá Abreu (PSD-TO) tem hoje seu nome mais associado a investigações, omissões e escândalos do que a qualquer iniciativa legislativa relevante. Aos 41 anos e com mandato até 2027, Irajá é alvo de críticas constantes por seu desempenho parlamentar fraco, sua ausência nas principais votações e seu isolamento crescente da base política no Tocantins.

Filho da ex-ministra e ex-senadora Kátia Abreu, Irajá assumiu o Senado com capital político herdado do agronegócio e promessas de modernização. Contudo, seis anos após tomar posse, enfrenta uma trajetória marcada por denúncias por violência contra a mulher, uso do foro privilegiado para evitar julgamentos na justiça comum, baixa produtividade legislativa e desconexão com prefeitos e lideranças regionais.

Denúncia por violência e blindagem judicial

O episódio mais grave envolvendo o senador ocorreu em 2022, quando foi denunciado por uma ex-namorada por agressão física e ameaças. A Justiça deferiu medidas protetivas à vítima e determinou que o senador mantivesse distância. A defesa de Irajá nega as acusações, mas o caso repercutiu nacionalmente e mobilizou entidades feministas e de direitos humanos.

O que provocou ainda mais indignação foi a decisão de Irajá de acionar o foro privilegiado, transferindo o processo da justiça comum para o Supremo Tribunal Federal (STF). A estratégia, embora legal, foi amplamente criticada como tentativa de escapar de julgamento mais célere.

“É inaceitável que um senador utilize da prerrogativa de foro para postergar a responsabilização num caso de violência contra a mulher. Isso descredibiliza o mandato e fere a confiança do eleitor”, afirmou a jurista Juliana Ferreira, coordenadora do Observatório Nacional de Gênero e Política.

Ausência nas votações e falta de protagonismo

Relatórios da plataforma Radar do Congresso apontam que Irajá Abreu está entre os senadores com menor índice de participação em votações nominais desde 2021. De acordo com os dados, o parlamentar deixou de votar em diversas matérias centrais, como o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e projetos de enfrentamento à violência contra mulheres.

Na legislatura atual, não relatou projetos relevantes, não presidiu comissões permanentes e não apresentou nenhuma proposta estruturante com impacto direto no Tocantins. Sua atuação nas comissões é descrita por colegas como “silenciosa e protocolar”.

“É um mandato tecnicamente vazio. Sem entrega, sem presença e sem articulação. Em Brasília, ele é irrelevante; no Tocantins, ele é ausente”, resume o cientista político Marcelo Duarte, professor da UFT.

Isolamento político e perda de base

Lideranças regionais relatam que Irajá não tem mantido diálogo com prefeitos, vereadores e deputados estaduais. De acordo com informações apuradas pelo Diário Tocantinense, ofícios enviados por lideranças municipais ao gabinete do senador não são respondidos há meses. Há municípios que sequer conseguem agendar audiências com o parlamentar.

Aliados históricos da família Abreu, sobretudo da ala ligada à ex-senadora Kátia, item que o capital político do grupo minguou desde a derrota dela em 2022. “Irajá se isolou. Não visita bases, não entrega emendas, não participa de articulações estaduais. O mandato existe apenas no papel”, disse, sob reserva, um prefeito da região centro-sul do estado.

Na própria cúpula do PSD, o desconforto é visível. Setores da sigla avaliam internamente que o senador se tornou um ivo eleitoral e discutem a possibilidade de substituição do nome em futuras composições majoritárias.

Rejeição crescente e pressão por renúncia

Em 2023, um levantamento informal da Federação das Associações de Moradores e Entidades Comunitárias do Tocantins (FAMEC-TO) apontou que Irajá Abreu é o senador mais mal avaliado do estado entre os movimentos civis organizados. O índice de reprovação, segundo a entidade, ultraa 70%.

A baixa produtividade e as investigações também abriram espaço para movimentos que pressionam o parlamentar a renunciar. Em agosto de 2024, um grupo de mulheres ligadas a entidades sociais chegou a protocolar um manifesto no Senado cobrando afastamento temporário de Irajá até a conclusão das investigações no STF.

A pressão, porém, não teve resposta institucional. Até hoje, o senador evita pronunciamentos públicos sobre o caso, limita aparições e concentra sua comunicação em redes sociais, onde os comentários são moderados e raramente respondidos.


Conclusão

Promessa de renovação em 2018, Irajá Abreu se tornou, para muitos tocantinenses, um símbolo do que não se espera de um senador da República. Acusações graves, silêncio institucional, ausência de resultados e distanciamento da base transformaram o mandato em um ponto de embaraço para o estado.

Enquanto nomes como Eduardo Gomes (PL) e Professora Dorinha (União) ampliam protagonismo e mantêm diálogo constante com os municípios, Irajá segue isolado, desacreditado e — até o momento — sem sinal de reação. O mandato que deveria servir ao Tocantins hoje mancha a representação do estado no Senado Federal.

O Diário Tocantinense, abre espaço para que o parlamentar comente o assunto. O e-mail: [email protected]

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